Este episódio envolvendo o cartunista Solda, me lembrou de uma história semelhante, há alguns anos.
Certa vez, quando eu trabalhava numa empresa que produzia materiais didáticos, um dos diretores me solicitou um CD com o conteúdo site que eu havia desenvolvido para eles. Seria uma versão totalmente navegável do site, com todos os produtos que a firma vendia. Como existia alguma limitação para acessar a Internet na época, a idéia era enviar via correio o CD com a versão de demonstração do site para todos os clientes cadastrados, a fim de permitir aos que não podiam acessar o site na web, conhecessem toda a linha de produtos em seu PC, mesmo desconectado.
Passei o dia gravando a matriz, testando scripts, links, desenvolvendo a embalagem, o rótulo, as etiquetas, enfim, todo o design do material. Mandei para o diretor aguardando o OK para a produção em série.
Minutos depois, ao sair da reunião que analisou o design do CD, o diretor (meu grande amigo e também designer) me disse:
- Bateu na trave.
Um pouco decepcionado, perguntei:
- Mas o que precisa mudar? A cor, as letras? Precisa acrescentar algo mais?
- Não, pelo contrário. - respondeu ele. - Na verdade o design ficou excelente, mas você tem que tirar esta palavra "DEMO" daí.
Um tanto confuso, peguei o CD que continha o rótulo escrito "CD SITE - DEMO" (CD "DEMOnstrativo" do site) em letras grandes.
- Não entendi. - disse para ele. Para a minha surpresa, a resposta foi esta:
- É que muitos dos nossos clientes são evangélicos. Um CD escrito "DEMO" pode criar algum desconforto. Eu sei que a sua intenção não foi essa, mas o resto da diretoria você sabe como é, né?
Após ter meu trabalho "demonizado", eu pensei: "- Porra! Não acredito que isso possa ofender alguém! Que gente preconceituosa, achar que o povo evangélico reagiria assim a uma palavra que foi encurtada sem intenção de ofender!".
Fui para casa mais tarde, e inconformado comecei a refletir sobre a ignorância de quem é preconceituoso. Ver maldade em duas sílabas?! Foi aí que tive uma ideia.
No dia seguinte, ao chegar fui falar com o meu amigo diretor:
- Cara, não me conformei com a história do "DEMO". Acabei criando uma teoria para convencer os caciques: a Teoria do Cu! Quero apresentá-la para o resto da diretoria!
Assustado ele indagou:
- Mas que papo é esse, Noviski! Bebeu? Tá maluco?
- Não. A Teoria do CU é simplesmente assim: CU é apenas uma sílaba. Nós vivemos numa cidade que começa com CU. Vamos mudar o nome dela só por causa disso? E digo mais! Tem mais cidades com o CU na frente, cidades com o CU no meio e até cidades com o CU no fim! Quem discrimina o CU, é preconceituoso!
Ele me mandou tomar naquele lugar e não se convenceu. E tirou o DEMO do CD...
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